Por Flavinha Rodrigues
@plenitudematerna
Sou Ana Flávia, 32 anos, formada
em terapia ocupacional, especialista em pediatria e neuropedriatria, mãe da
Giovana de 9 meses. Passei boa parte da minha vida acadêmica estudando a
infância. Sonho de ser mãe? Sim, claro! Mas no momento ideal, da forma mais
convencional possível e só quando eu estivesse realmente preparada. Só que nem
tudo que a gente planeja nessa vida acontece como queremos. E no momento menos
esperado veio a grande surpresa: menstruação atrasada, teste de farmárcia,
exame de sangue... e sim! Dentro de mim existia uma vida! Se era a hora? Eu não
tinha a menor condição financeira de pagar minhas contas, imagine sustentar uma
criança! O Henrique terminando a faculdade. Eu morava sozinha e curtia muito
isso. Estava em um período de dedicação intesiva a mim mesma. Academia,
alimentação saudável, quarenta horas semanais de trabalho. Uma rotina intensa
que eu amava! Acordava cedo, passava o dia todo fora de casa. Mas respondendo a
pergunta: era a hora perfeita! Por mais que parecia estar tudo errado... não
estava! E demorou para que eu entedesse isso com clareza.
Portas abertas para o universo
materno, comecei a me informar, ranço de uma vida acadêmica de pesquisa
intensa. Comecei a estudar a gestação, relembrei meus textos relativos a
embriologia, acompanhei mês a mês como meu bebê estava se desenvolvendo dentro
do meu ventre. E no meio a tantos
estudos, um imprevisto muda tudo sobre as principais orientações de uma
gestação perfeita: hematoma uterino. Atividades físicas suspensas, repouso
absoluto, enjôos que não me deixavam chegar perto de comida saudável, cólicas e
acima de tudo, muito medo de perder aquele bebê que não foi nada planejado, mas
já era tão amado! Planos frustrados pela primeira vez.
Parto normal humanizado? Era a
opção mais indicada, segundo as novas linhas de estudo. Só que uma crise de
pânico me levou a uma cesária agendada, afinal a minha tranquilidade era mais
importante naquele momento.
Os estudos continuaram, e eu me
informava sobre todas as melhores escolhas para o bebê: amamentação exclusiva
até os 6 meses, açucar nem pensar, não vai dormir na cama, desenho na tv só
depois dos 2 anos, comida só orgânica, complemento não, natação aos 6 meses e
todos detalhes mais que as mães atuais estão cansadas de ouvir. Tracei como
metas, estava tudo planejado. Mas aí chegou Giovana e o que aquele bebê estava
fazendo com meus planos? Já estava tudo calculado! O que ela tinha que inventar
de bagunçar tudo? Afinal, mamar não é só colocar a boca no peito e sugar? Ah, e
você sabia que tem dias que não dá tempo de preparar as refeições do dia e você
precisa de escolher a opção menos pior na praça de alimentação de um shopping
lotado de fast food e glutamato
monossódico? E a natação tá muito cara, vai ter que esperar! Já falei sobre a
cama compartilhada logo na primeira semana de vida da Giovana? Afinal, eu
preciso dormir e se colocar ela na cama vai me ajuda, ela vai dormir na cama,
com direito a peitos de fora para rolar aquele self-service.
Mas enfim, hoje eu entendi que a
maternidade é composta por muitos planos perfeitos, e ao mesmo tempo, por
muitas mudanças de ideias, de percurso, de caminho. E aprendi também que está
tudo bem! Que é assim mesmo! E nós não
precisamos sofrer por isso. Precisamos encarar isso com leveza e
responsabilidade.
O resto se ajeita!
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