Relatos de Mãe - Hoje eu gritei com a minha filha, e gritei até dizer chega!




Ah! Se fosse só hoje seria ótimo, mas não é! Os gritos já viraram rotina por aqui, ou melhor comigo e com ela. Acho que ela sincronizou numa freqüência que com a mãe só "funciona" quando ela grita, e como voltar atrás agora e resgatar um respeito ou criá-lo na base do diálogo, olho no olho?

Acho que os gritos são uma somatória de todos os meus fracassos X minhas expectativas maternas.

Ter um blog foi meu ônus e meu bônus na maternidade, a ânsia de querer me informar para ser melhor e compartilhar os aprendizados me fizeram e muito perder a minha identidade, a desconstrução na tentativa da reconstrução não teve o êxito desejado. Na consegui me reconstruir, não consigo me reconstruir, ou melhor a reconstrução está na base de cacos e não de alicerces.

Sabe aquele tal instinto materno que adquirimos quando nos tornamos mães? Ele é sim a base de tudo, e se puder dar um conselho escute-o, e na hora de tomar uma decisão use esse instinto, certamente ele não falha, afinal existe alguém na terra que quer mais o bem de um filho do que a mãe?! A busca do conhecimento me sufocou, me fez deixar os instintos de lado, minha educação do outro e a forma que fui criada com erros e acertos que "eu" julgo em outro canto.

Eu sou sim uma boa pessoa, inteligente, educada, simpática, honesta, trabalhadora, saudável, persistente, companheira etc, tenho muitos predicados que me rotulam como "BOA", então porque a educação da milha família está errada?  Simples: porque li, aprendi que as crianças devem pensar, dialogar, não apanhar, ter o espaço delas, serem seres com direitos respeitados etc, coisas que eu considero super certas e diariamente tento aplicar aqui em casa, porém eu não fui criada assim, e ter esse "ser" pensante, com vontades e capacidade de me persuadir, dialogar vai de encontro com o que eu sou, não sei lidar, e para a mão não escapar e ir direto para bunda, eu resolvo gritando: CHEGA!


Culpa, as vezes sim as vezes não, tem dia que acho que foi merecido e a culpa é dela que com seus "super 5 anos" não aprendeu nas outras 300 vezes que tentei ser a super Nany, que fui a psicóloga ou minha" amiga ", a blogueira ou qualquer outra fonte de informação com valores e cultura diferente de mim, qualquer outra pessoa que julgo melhor do que eu, menos eu,  que tornam eu e minha filha sem chão, se eu não sei qual linha seguir, ou simplesmente não consigo como ela vai saber? Se eu estou confusa em saber quem eu sou, como ela vai saber como me respeitar?!

A ausência de culpa de um filho sempre recai nas costas da mãe, e é sim com uma certa razão, por que os pais elas obedecem na 1º ou 2º vez que eles falam, por que na primeira vez eles já logo ameaçam algo e acabam com toda a psicologia implantada por nós durante a semana, sim, porque normalmente os pais são mais presentes no final de semana.

O que isso significa? Sabe aquele castelo, que mesmo contra meu próprio eu que estava formando na minha filha, com valores e aprendizados psicológicos e inteligentes caem por terra e simplesmente funcionam com eles, as crianças deixam de ser o tal ser pensante e podem "criar" milhões de problemas psicológicos por causa disso e blá blá blá, mas e aí? Ué, e aí que o pai ficou em paz, ela o respeitou/obedeceu e logo eles brincam cheios de amor e sorriso, enquanto eu de canto ainda amargando os 20 gritos do dia todo.

Como educar numa nova fase tão cheia de dedos? Cheia de opiniões e julgamentos, como acertar? Criar os filhos para  mundo, para vida, mas conseguir protege-los sem aliená-los. Crianças não brigam e brincam mais como antigamente na rua, não convivem mais com tantas outras crianças para descarregar a energia acumulada do seu dia, não negociam tanto, muita são filhos únicos e a divisão ainda é um longo aprendizado.

O mundo virtual está ai, eu mesma reposto mil e um textos falando dos males de gritar com uma criança e durante cada grito vou me lembrando de cada leitura e por isso mesmo a frustração toma conta e o grito sai cada vez mais alto. Mais triste, mais assustador e mais destrutivo.

Hoje me sinto péssima, gritei com minha filha, e por um momento pensei que eu fosse explodir, vi o olhar de medo dela , aquilo me feriu, feriu na alma e no coraçao, e como esquecer? Me descontrolei como nunca tinha feito. Qual o motivo? Sinceramente?! Não sei, foi a somatória de pequenas atitudes dela, teimosias, falta de educação, insistencias e pequenas coisas que sairam fora no meu eixo e sem saber o que fazer perdi a calma, surtei e deixei minha filha chorando na escola, brigamos e no fim ao que levou? Eu estressada, arrependida e ela magoada, e envergonhada de cehgar na escola, que ela vai e chega tão feliz diariemente com cara de choro, ela estava linda vestida para o balet, mas eu acabei com todas suas expectativas e ela chegou derrotada!

Será que há realmente aprendizado tanto para mim quanto para ela? Houve crescimento?Mas uma vez, mais uma promessa de não gritar mais com ela, mas como se minha paciência anda limitada junto com meu tempo. Está difícil ser mãe, mulher, dona de casa e trabalhar.

Vontade de sumir? Sim eu tenho muitas vezes, acho que deveria existir a preço acessível um spa de mães, um momento com conversas com outras mães, mulherzices e descontração num só ambiente, ah e sem celular para o marido não ficar ligando dizendo que a filha esta com saudades ou que fez isso ou fez aquilo para nos deixar com a consciência pesada!

Beijos Marta

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